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Diarreia na menstruação: por que acontece e quando se preocupar?

Entenda a relação entre o ciclo menstrual e as alterações intestinais e descubra como manejar o desconforto de forma segura.

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O calendário avisa que a menstruação está para chegar e, junto com as cólicas e o inchaço, outro sintoma incômodo pode aparecer: o intestino parece completamente desregulado. Se essa situação soa familiar, saiba que você não está sozinha. A diarreia durante o período menstrual é uma queixa frequente e possui uma explicação fisiológica.

Afinal, é normal ter diarreia durante a menstruação?

Sim, é considerado normal e bastante comum que o padrão de evacuação se altere durante o ciclo menstrual. Estudos indicam que uma parcela significativa de mulheres em idade fértil relata algum tipo de sintoma gastrointestinal, como diarreia, constipação ou gases, especialmente nos dias que antecedem e durante a menstruação.

Dores na região abdominal são um sintoma físico muito comum durante a menstruação, sendo relatado por 61% das mulheres em um estudo sobre desconforto menstrual. Além disso, dores físicas, como dor de estômago, dor de cabeça e vômitos, são frequentemente relatadas, indicando um desconforto generalizado que pode incluir problemas gastrointestinais. 

A diarreia, em particular, é um sintoma observado no contexto da Síndrome Pré-Menstrual (TPM), indicando uma ligação documentada entre os desconfortos do ciclo menstrual e problemas gastrointestinais.

Essa alteração é uma resposta natural do corpo às intensas flutuações hormonais que ocorrem para que a menstruação aconteça. Embora seja um sintoma desconfortável, na maioria dos casos, não representa um problema de saúde grave.

Caso você apresente diarreia na menstruação, é importante consultar um médico especialista em Ginecologia e Obstetrícia para entender melhor como agir diante do problema.

Quais são as principais causas da diarreia menstrual?

A "culpa" por trás do intestino solto no período menstrual é de uma combinação de fatores, principalmente de substâncias químicas e hormônios que regulam o ciclo. Entender esse processo ajuda a desmistificar o sintoma.

A ação das prostaglandinas no corpo

As prostaglandinas são as principais responsáveis pela diarreia menstrual. Elas são substâncias semelhantes a hormônios que o corpo produz para diversas funções. Pouco antes da menstruação, o revestimento do útero (endométrio) libera grandes quantidades de prostaglandinas. 

De fato, a diarreia durante o período menstrual é um sintoma comum da cólica menstrual primária, sendo causada pelo excesso de prostaglandinas que estimulam as contrações.

O objetivo principal é provocar as contrações do músculo uterino para que o endométrio seja eliminado, o que causa as conhecidas cólicas. Contudo, essas substâncias não agem apenas no útero. Elas podem "vazar" para a corrente sanguínea e atingir outros órgãos com musculatura lisa, como os intestinos.

Assim, as prostaglandinas fazem com que os músculos intestinais também se contraiam mais rapidamente. Isso acelera o trânsito dos alimentos e das fezes pelo trato digestivo, resultando em evacuações mais frequentes e líquidas, ou seja, a diarreia.

As flutuações dos hormônios sexuais

Além das prostaglandinas, os principais hormônios femininos também desempenham um papel importante. A progesterona, por exemplo, atinge seu pico após a ovulação e tem um efeito levemente relaxante sobre o intestino, podendo causar constipação em algumas mulheres na fase pré-menstrual.

Quando a menstruação se aproxima, os níveis de progesterona e estrogênio caem drasticamente. Essa queda abrupta pode reverter o efeito anterior e contribuir para o aumento da motilidade intestinal, facilitando a ocorrência de diarreia.

O que fazer para aliviar o desconforto intestinal?

Embora a diarreia menstrual seja fisiológica, é possível adotar algumas medidas para minimizar o desconforto e gerenciar melhor os sintomas durante esse período.

Ajustes na alimentação e hidratação

A alimentação tem um impacto direto no funcionamento do intestino. Nos dias que antecedem e durante a menstruação, algumas estratégias podem ser úteis:

  • Aumente a hidratação: a diarreia leva à perda de líquidos e eletrólitos. Beba bastante água, chás de ervas (como camomila ou hortelã) e água de coco para se manter hidratada.
  • Evite gatilhos alimentares: reduza o consumo de alimentos gordurosos, ultraprocessados, cafeína, álcool, laticínios e doces em excesso, pois eles podem irritar ainda mais o intestino.
  • Prefira alimentos leves: opte por uma dieta mais branda, incluindo alimentos como arroz branco, banana, batata cozida, maçã sem casca e frango grelhado.

Hábitos que podem ajudar

Pequenas mudanças no estilo de vida também podem fazer a diferença. A prática de atividade física leve, como uma caminhada ou ioga, ajuda a liberar endorfinas que aliviam as cólicas e podem regular a função intestinal.

O gerenciamento do estresse também é fundamental, pois a ansiedade pode intensificar os sintomas gastrointestinais. Técnicas de respiração e relaxamento são bem-vindas.

A diarreia menstrual pode indicar um problema mais sério?

Na grande maioria das vezes, a diarreia no período menstrual é um evento benigno. No entanto, é crucial estar atenta a sinais que podem indicar a necessidade de uma investigação médica mais aprofundada.

Sinais de alerta que exigem atenção médica

Procure um ginecologista ou gastroenterologista se a diarreia vier acompanhada de um ou mais dos seguintes sintomas:

  • Dor abdominal ou cólicas incapacitantes, que não melhoram com analgésicos comuns.
  • Presença de sangue ou muco nas fezes.
  • Sintomas que persistem por vários dias após o fim da menstruação.
  • Febre, vômitos intensos ou sinais de desidratação (boca seca, pouca urina, tontura).
  • Perda de peso não intencional.

A relação com a endometriose intestinal

A endometriose é uma condição na qual o tecido semelhante ao endométrio cresce fora do útero. Quando esses implantes se localizam na parede do intestino, temos a endometriose intestinal.

Esse tecido responde às flutuações hormonais do ciclo, podendo sangrar e inflamar durante a menstruação. Isso pode causar sintomas gastrointestinais cíclicos e intensos, como diarreia, dor para evacuar, inchaço severo e cólicas fortes. Se os seus sintomas são recorrentes e severos, é importante discutir a possibilidade de endometriose com seu médico.

Perguntas frequentes sobre o tema

Algumas dúvidas são muito comuns quando o assunto é a relação entre o intestino e a menstruação. Esclarecemos as principais a seguir.

Diarreia antes da menstruação pode ser gravidez?

Alterações intestinais podem ocorrer no início da gestação devido às mudanças hormonais, mas não são um sinal confiável de gravidez. A diarreia é muito mais comumente associada à aproximação da menstruação. Se houver suspeita de gravidez, o ideal é realizar um teste para confirmar.

O que comer para ajudar a controlar a diarreia?

Além das dicas já mencionadas, uma dieta de fácil digestão pode ajudar a acalmar o intestino. Veja alguns alimentos recomendados:

Grupo Alimentar

Exemplos

 

Carboidratos

Arroz branco, batata cozida, mandioca, pão branco.

Frutas

Banana-maçã, maçã sem casca, caju, goiaba (sem sementes).

Proteínas magras

Frango grelhado sem pele, peixe cozido, ovos.

Líquidos

Água, água de coco, chás de ervas claras.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

ABREU-SÁNCHEZ, A. et al. Perception of menstrual normality and abnormality in spanish female nursing students. International Journal of Environmental Research and Public Health, 2020. Disponível em: https://www.mdpi.com/1660-4601/17/17/6432. Acesso em: 12 dez. 2025.

CARUSO, B. A. et al. Assessing women’s menstruation concerns and experiences in rural India: development and validation of a menstrual insecurity measure. International Journal of Environmental Research and Public Health, [S. l.], v. 17, n. 10, maio 2020. Disponível em: https://www.mdpi.com/1660-4601/17/10/3468. Acesso em: 12 dez. 2025.

GARCÍA-EGEA, A. et al. Mapping the health outcomes of menstrual inequity: a comprehensive scoping review. Reproductive Health, [S. l.], set. 2025. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1186/s12978-025-02103-0. Acesso em: 12 dez. 2025.

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