Revisado em: 17/12/2025
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Um guia detalhado sobre as principais abordagens terapêuticas e medidas preventivas para quem convive com o diabetes

Um pequeno calo que parece inofensivo, uma bolha após uma caminhada ou a perda de sensibilidade ao tocar o chão frio pela manhã. Para muitas pessoas, esses são eventos passageiros. Para quem tem diabetes, no entanto, podem ser os primeiros sinais de uma complicação grave: o pé diabético.
O pé diabético é o termo usado para descrever um conjunto de alterações que podem ocorrer nos pés de pessoas com diabetes mal controlado. Não se trata de uma doença única, mas de uma consequência de problemas crônicos causados pelo excesso de açúcar no sangue ao longo do tempo.
Essa condição surge principalmente de uma combinação de fatores que, juntos, criam um cenário de alto risco para lesões e infecções. Entender essa combinação é o primeiro passo para um tratamento eficaz e uma prevenção bem-sucedida.
Endocrinologistas são os médicos que podem acompanhá-lo e aconselhar o melhor tratamento no seu caso. A Rede Américas conta com vários especialistas renomados atendendo em vários hospitais brasileiros.
Três problemas principais estão na raiz do pé diabético:
A prevenção é, sem dúvida, a abordagem mais importante. O tratamento mais crucial para evitar úlceras e amputações relacionadas ao pé diabético é o autocuidado contínuo. Ele deve ser ensinado e reforçado por uma equipe multidisciplinar de saúde, incluindo médicos, nutricionistas e fisioterapeutas.
Adotar uma rotina de cuidados diários reduz drasticamente o risco de desenvolver feridas e infecções. A disciplina é a maior aliada da saúde dos pés. Para prevenir lesões graves, é fundamental inspecionar os pés todos os dias, usando um espelho para a sola, e nunca andar descalço, nem mesmo dentro de casa.
A seguir, uma tabela com um checklist prático de cuidados essenciais.
Mesmo com todos os cuidados, problemas podem surgir. É fundamental saber identificar os sinais de que algo não vai bem e buscar ajuda médica imediatamente para evitar que uma pequena lesão se transforme em um problema grave. Fique atento a:
Na presença de qualquer um desses sinais, não tente tratar em casa. Procure imediatamente um serviço de saúde ou um especialista.
O tratamento de uma lesão no pé diabético é complexo e deve ser sempre conduzido por profissionais de saúde. A abordagem varia de acordo com a gravidade da ferida, a presença de infecção e as condições circulatórias do paciente.
A base do tratamento local é manter a ferida limpa e protegida. A limpeza é feita com soro fisiológico e a escolha do curativo depende do tipo de lesão. Existem coberturas especiais que ajudam a controlar a umidade, proteger contra bactérias e acelerar a cicatrização. Para úlceras no pé diabético que demoram a cicatrizar, estudos mostram que curativos contendo octassulfato de sacarose são mais eficazes e seguros, fechando as feridas mais rapidamente do que os curativos comuns.
Muitas vezes, a ferida contém tecido necrosado (morto), que impede a cicatrização e serve como meio de cultura para bactérias. O desbridamento é o procedimento de remoção desse tecido, que pode ser feito cirurgicamente ou com o uso de pomadas específicas, sempre por um profissional habilitado.
Se a ferida estiver infectada, o uso de antibióticos é indispensável. A escolha do medicamento depende da gravidade da infecção e das bactérias envolvidas. Em casos mais leves, o tratamento pode ser oral, mas infecções profundas geralmente exigem internação hospitalar para administração de antibióticos intravenosos.
Para que uma úlcera na planta do pé cicatrize, é crucial eliminar a pressão sobre ela. Isso é chamado de "off-loading". Podem ser utilizadas botas especiais, palmilhas personalizadas ou até mesmo gessos de contato total para redistribuir o peso do corpo e permitir que a área afetada se recupere. Estudos científicos recentes mostram que dispositivos de alívio de pressão na altura do joelho, que não podem ser removidos pelo paciente (como o gesso de contato total), são muito mais eficazes para acelerar a cicatrização de úlceras no pé diabético do que aqueles que o paciente consegue retirar.
Quando as lesões são profundas, a infecção é extensa ou a circulação está muito comprometida, tratamentos mais complexos podem ser necessários para salvar o membro.
Se a Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP) for um fator limitante, um cirurgião vascular pode realizar procedimentos para restaurar o fluxo sanguíneo. Isso pode ser feito por meio de angioplastia (desobstrução da artéria com um balão) ou com a criação de pontes (bypass) que desviam o sangue das áreas bloqueadas.
A cirurgia pode ser necessária para drenar abscessos, remover osso infectado (osteomielite) ou corrigir deformidades que causam pressão excessiva. Em situações extremas, quando a infecção não pode ser controlada e coloca a vida do paciente em risco, a amputação de parte do pé ou da perna pode ser a única solução.
Sim, existem medidas que ajudam a manejar os sintomas da neuropatia e da má circulação. Para aliviar a dor neuropática, o médico pode prescrever medicamentos específicos que atuam no sistema nervoso. É fundamental não se automedicar.
Para melhorar a circulação, além do controle glicêmico e da cessação do tabagismo, a prática de atividades físicas supervisionadas, como caminhadas, pode ajudar. Exercícios simples, como mover os pés para cima e para baixo e em círculos, também estimulam o fluxo sanguíneo.
O tratamento do pé diabético raramente é responsabilidade de um único profissional. O sucesso depende de uma abordagem integrada com uma equipe multidisciplinar, que pode incluir:
O cuidado com os pés é uma jornada diária e contínua para quem tem diabetes. Com informação, prevenção e o suporte profissional correto, é possível manter os pés saudáveis e evitar as complicações graves dessa condição.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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