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Sintomas de diabetes em crianças: saiba identificar e evitar complicações

Entenda quais são os principais alertas que o corpo da criança emite e por que a atenção a eles é fundamental para a saúde e o bem-estar.

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Seu filho, que antes era pura energia, parece cansado demais para brincar. A garrafa de água se tornou sua companheira inseparável e as idas ao banheiro, antes esporádicas, agora são constantes, até mesmo durante a noite. Esses podem ser mais do que simples mudanças de rotina; podem ser os primeiros sinais de diabetes.

Reconhecer esses alertas precocemente é o passo mais importante para garantir um diagnóstico rápido e um manejo adequado da condição, permitindo que a criança continue a ter uma vida plena e saudável. Por isso consultas regulares ao pediatra são importantes.

Quais são os principais sintomas de diabetes infantil?

Os sintomas de diabetes em crianças, especialmente o tipo 1, tendem a se desenvolver rapidamente ao longo de algumas semanas. Eles surgem porque o corpo não consegue usar a glicose (açúcar) do sangue para gerar energia, seja por falta de produção de insulina ou pela incapacidade de usá-la corretamente.

Os 4 sinais clássicos (os "4 Ps")

Na medicina, há um conjunto de sintomas frequentemente associados ao início do diabetes, conhecidos como os "4 Ps":

  • Poliúria: urinar em grande volume e com muita frequência. A criança pode voltar a fazer xixi na cama, mesmo que já estivesse desfraldada há anos. Isso acontece porque o excesso de glicose no sangue é eliminado pela urina, "puxando" mais água junto.
  • Polidipsia: sede excessiva e constante. Como o corpo perde muito líquido pela urina, a desidratação estimula uma sede que parece nunca passar, mesmo após beber muita água.
  • Polifagia: fome exagerada. Apesar dos níveis altos de glicose no sangue, as células não conseguem absorvê-la para usar como energia. O corpo interpreta essa falta de energia como fome, fazendo a criança querer comer mais que o habitual.
  • Perda de peso: emagrecimento inexplicado. Mesmo comendo mais, a criança perde peso. Sem glicose para usar como combustível, o corpo começa a quebrar gorduras e músculos para obter energia.

Outros sinais físicos e comportamentais a observar

Além dos sinais clássicos, outras manifestações podem ocorrer e devem ser observadas com atenção pelos pais e responsáveis:

  • Fadiga e fraqueza: a falta de energia nas células deixa a criança cansada, sonolenta e sem disposição para atividades cotidianas, como brincar ou estudar.
  • Irritabilidade e mudanças de humor: alterações nos níveis de açúcar no sangue podem afetar o humor, deixando a criança mais irritada, chorosa ou apática.
  • Visão turva: o excesso de glicose no sangue pode alterar o formato do cristalino, a lente do olho, dificultando o foco e causando visão embaçada.
  • Infecções frequentes: níveis elevados de açúcar podem enfraquecer o sistema imunológico, tornando a criança mais suscetível a infecções, como candidíase (sapinho) ou infecções de pele.

Existem sinais de alerta que exigem atenção imediata?

Sim. Em alguns casos, o diabetes tipo 1 pode se manifestar com um quadro grave chamado cetoacidose diabética (CAD). Esta é uma emergência médica que ocorre quando o corpo, sem conseguir usar glicose, produz ácidos sanguíneos em excesso, chamados cetonas.

A cetoacidose diabética é a complicação mais séria do diabetes. Ela foi a causa de 62% das internações hospitalares em jovens com diabetes tipo 1. Isso mostra que a CAD é o principal risco da doença quando o manejo de glicose não está adequado.

Os sinais de cetoacidose diabética incluem:

  • Hálito com cheiro de fruta ou acetona;
  • Respiração rápida e profunda;
  • Náuseas e vômitos;
  • Dor abdominal;
  • Confusão mental ou sonolência extrema.

É importante saber que o risco de desenvolver cetoacidose diabética aumenta significativamente com o tempo. Após o primeiro ano de diagnóstico de diabetes tipo 1 em crianças e adolescentes, o risco cresce em seis vezes, passando de 1% no primeiro ano para 6% no segundo e terceiro anos. Isso reforça a necessidade de um acompanhamento contínuo e rigoroso.

Além do manejo físico, o suporte psicológico acessível para crianças e adolescentes com diabetes tipo 1 é fundamental. Estudos indicam que ele está associado a uma redução considerável nas taxas de cetoacidose diabética, uma complicação que pode até mesmo ser a primeira manifestação da doença.

É importante destacar que crianças de famílias em situação de vulnerabilidade social podem apresentar taxas mais elevadas de complicações graves, como a cetoacidose diabética, e resultados de saúde menos favoráveis logo após o diagnóstico de diabetes tipo 1. Isso sublinha a importância de um cuidado abrangente e acessível para todos.

Na presença desses sintomas, procure um pronto-socorro imediatamente.

Os sintomas variam conforme a idade da criança?

Sim, a manifestação dos sintomas pode ser diferente em bebês e crianças muito pequenas. Como eles não conseguem verbalizar o que sentem, os sinais podem ser mais sutis e facilmente confundidos com outras condições.

Em bebês, fique atento a:

  • Fraldas muito pesadas de urina: um sinal claro do aumento da micção.
  • Assaduras persistentes: a urina com excesso de glicose pode favorecer o crescimento de fungos.
  • Irritabilidade e choro sem causa aparente.
  • Perda de peso ou dificuldade para ganhar peso, mesmo mamando bem.

Qual a diferença entre diabetes tipo 1 e tipo 2 em crianças?

Embora ambos envolvam problemas com a glicose, suas causas e características são distintas. É fundamental entender essa diferença.

Característica

Diabetes Tipo 1

Diabetes Tipo 2

 

Causa Principal

Doença autoimune: o sistema imunológico ataca e destrói as células do pâncreas que produzem insulina.

Resistência à insulina, geralmente associada a sobrepeso, obesidade e histórico familiar. O corpo não usa a insulina de forma eficaz.

Prevalência na Infância

É a forma mais comum, correspondendo a mais de 90% dos casos em crianças e adolescentes.

Menos comum, mas com incidência crescente devido ao aumento da obesidade infantil.

Início dos Sintomas

Rápido e abrupto, geralmente se desenvolvendo ao longo de dias ou semanas.

Lento e gradual, podendo levar meses ou anos para ser diagnosticado. Muitas vezes é assintomático no início.

Como o diagnóstico de diabetes em crianças é confirmado?

O diagnóstico é relativamente simples e realizado por um médico, geralmente um pediatra ou endocrinologista pediátrico. Ele se baseia nos sintomas relatados e é confirmado por exames de sangue que medem os níveis de glicose.

Os principais exames incluem:

  • Glicemia de jejum: mede o nível de açúcar no sangue após um jejum de pelo menos 8 horas.
  • Glicemia casual: mede a glicose a qualquer hora do dia, independentemente da última refeição. Um valor muito alto, associado aos sintomas clássicos, pode confirmar o diagnóstico.
  • Hemoglobina glicada (A1c): fornece uma média dos níveis de glicose no sangue nos últimos 2 a 3 meses. A manutenção de níveis reduzidos de hemoglobina glicada em crianças e adolescentes com diabetes tipo 1 é crucial. Isso é fundamental para evitar o desenvolvimento de complicações a longo prazo e para melhorar significativamente a qualidade de vida.

Apenas um profissional de saúde pode solicitar e interpretar esses exames corretamente.

Quando devo procurar um médico?

A orientação é clara: ao observar um ou mais dos sintomas mencionados, especialmente a combinação de sede excessiva, aumento da urina e perda de peso, agende uma consulta com o pediatra o mais rápido possível.

Não espere os sintomas se agravarem. O diagnóstico precoce do diabetes é essencial para iniciar o tratamento adequado, evitar complicações agudas como a cetoacidose diabética e garantir que a criança possa se adaptar à nova rotina com segurança e qualidade de vida.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

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